...Mas não, não podia desistir.
Já haviam passado dois meses desde que Dom tentara se apresentar a sorridente dona da biblioteca. O homem desconhecido revelou-se ninguém importante na vida de Jhoenne. Ela não usava aliança e o homem nunca vinha visita-la. Dom agora tinha receio, mas a coragem ainda estava armazenada em seu interior.
Disseram para ele que, no mesmo setor de Jhoenne, encontraram dois ratos vagueando pelo banheiro. Dom fora dedetizar, com mais dois ajudantes. Os garotos eram jovens e podiam se abaixar bruscamente, se esticar em cantos mais altos, coisas que o velho não conseguia fazer. Terminara o serviço depois de um longo tempo, pois descobriu que, em vez do banheiro masculino, os ratos estavam no feminino. Quando saíram do longo corredor que levava ao setor, não encontraram uma alma viva perambulando pelo centro comercial. Encontraram o setor vazio, com os gerentes e donos de lojas organizando suas coisas e se encaminhando para a casa de cada um. Não tinha chance de Jhoenne estar na biblioteca, pois ela sempre, sempre saía cedo.
Largou o carrinho de limpezas ao lado da porta de funcionários e caminhou em direção à porta de saída, que ficava do outro lado do salão-que-refletia. Olhou para as lojas, quase todas com as luzes desligadas e encontrou uma floricultura e uma biblioteca ainda com as luzes ligadas. Tentou ajeitar sua postura, que era um tanto curva, e mexeu em seus bolsos, agora com outro caminho em mente. Encontrou no fundo de um de seus bolsos algumas notas de dinheiro e suas pernas apressaram-se eufóricas, com o calor que enchia o coração do zelador.
A lojinha de flores era pequena, mas um tanto maior que a biblioteca de Jhoenne. Flores enchiam todas as prateleiras, com cores desde o branco até o preto, desde o plástico até a realidade, desde as belas pétalas até o exuberante cheiro que exalavam. A loja era pintada em branco e verde, e um pequeno lustre floral no teto iluminava todo o local. A lojista era um ruiva, adulta, com sardas numerosas enfeitando o rosto. Os olhos verdes apreciavam um copo-de-leite com admiração, quando o velho Dom se aproximou, com seu jeito desajeitado de ser.
“Não sei se eu posso... Nessa hora, ou com esse dinheiro... Mas... Vim com todo meu coração aqui para comprar uma de suas flores. A mais bela que tiver” mostrou o dinheiro e falou o velho, com receio de negação direta.
A florista levantou a cabeça lentamente com um sorriso carinhoso, lançou um olhar aconchegante e saiu do balcão, passando por prateleiras e prateleiras. Voltou com uma única flor, com pétalas azuis e sem espinhos, o cheiro dela era um perfume suave que enchia as narinas de Dom. O velho encolheu os ombros, com tristeza.
“Essa flor vale muito mais do que eu tenho, tem certeza que não tem uma que eu consiga comprar?” cabisbaixo, Dom mostrou novamente o quanto tinha, balançando com fraqueza a mão com o punhado de cédulas na frente da florista.
“Com certeza ela vale muito mais do que você tem. Eu consigo ver você, sabia, Dom? Fale com a Jhoenne, por favor.” Sorrindo, a florista entregou a flor a Dom, que a aceitou com a testa franzida. A flor era delicada, suave e um tanto úmida, assim como sua Jhoenne.
“Eu pagarei, com o dinheiro de meu trabalho, lhe pagarei.” prometeu o velho, deixando o dinheiro em cima do balcão e saindo da loja apressadamente, para encontrar sua Jhoenne, na loja do lado.
Atravessou a porta de vidro com alguns enfeites florais e virou a direita para entrar na biblioteca. Deu de cara com a dona do local e, por pouco, não se esbarraram.
“Oh! Senhor, o centro já está fechando.” ajeitando a bolsa em seu ombro e olhando para a flor que Dom segurava com força, falou Jhoenne.
Dom trocou o pé de apoio e estendeu a planta azulada. Pensara nesse momento trinta e seis anos de sua vida. Jhoenne olhou assustada para o velho zelador que tentava a conquistar.
“Faz anos... F-faz anos que eu trabalho aqui, desde quando você era jovem e essa biblioteca era tão famosa quanto esse próprio centro.” Começou a falar, com lágrimas nos olhos, o velho homem. “Sempre a observei e cultivei algum tipo de amor dentro de mim. Você sempre foi linda e eu sempre apaixonado. Tinha medo que alguém a tomasse... A tomasse de minha imaginação infinita. Tinha medo que tirassem você de mim.” Jhoenne olhava agora com a mão na boca, com seus lindos cabelos grisalhos atrás da orelha. “Sou um pobre zelador, mas meu coração não aguenta mais ficar longe de você. Eu não aguento mais ficar longe de você. Eu amo você e amo sua biblioteca, amo seus cabelos e os seus livros históricos. Amo o seu balcão, amo as sinetas de sua porta, amo o tapete poeirento da biblioteca, amo suas orelhas e seus olhos. Eu amo você e especialmente você.”
Jhoenne deixou a bolsa cair até o seu antebraço, pois seus braços agora estavam caídos, em surpresa. Estendeu a velha mão e pegou a flor. Olhou no fundo dos olhos de Dom e se pronunciou.
“Eu também te observo, Dom. Eu também te amo.”
-Para: C. (:
Já haviam passado dois meses desde que Dom tentara se apresentar a sorridente dona da biblioteca. O homem desconhecido revelou-se ninguém importante na vida de Jhoenne. Ela não usava aliança e o homem nunca vinha visita-la. Dom agora tinha receio, mas a coragem ainda estava armazenada em seu interior.
Disseram para ele que, no mesmo setor de Jhoenne, encontraram dois ratos vagueando pelo banheiro. Dom fora dedetizar, com mais dois ajudantes. Os garotos eram jovens e podiam se abaixar bruscamente, se esticar em cantos mais altos, coisas que o velho não conseguia fazer. Terminara o serviço depois de um longo tempo, pois descobriu que, em vez do banheiro masculino, os ratos estavam no feminino. Quando saíram do longo corredor que levava ao setor, não encontraram uma alma viva perambulando pelo centro comercial. Encontraram o setor vazio, com os gerentes e donos de lojas organizando suas coisas e se encaminhando para a casa de cada um. Não tinha chance de Jhoenne estar na biblioteca, pois ela sempre, sempre saía cedo.
Largou o carrinho de limpezas ao lado da porta de funcionários e caminhou em direção à porta de saída, que ficava do outro lado do salão-que-refletia. Olhou para as lojas, quase todas com as luzes desligadas e encontrou uma floricultura e uma biblioteca ainda com as luzes ligadas. Tentou ajeitar sua postura, que era um tanto curva, e mexeu em seus bolsos, agora com outro caminho em mente. Encontrou no fundo de um de seus bolsos algumas notas de dinheiro e suas pernas apressaram-se eufóricas, com o calor que enchia o coração do zelador.
A lojinha de flores era pequena, mas um tanto maior que a biblioteca de Jhoenne. Flores enchiam todas as prateleiras, com cores desde o branco até o preto, desde o plástico até a realidade, desde as belas pétalas até o exuberante cheiro que exalavam. A loja era pintada em branco e verde, e um pequeno lustre floral no teto iluminava todo o local. A lojista era um ruiva, adulta, com sardas numerosas enfeitando o rosto. Os olhos verdes apreciavam um copo-de-leite com admiração, quando o velho Dom se aproximou, com seu jeito desajeitado de ser.
“Não sei se eu posso... Nessa hora, ou com esse dinheiro... Mas... Vim com todo meu coração aqui para comprar uma de suas flores. A mais bela que tiver” mostrou o dinheiro e falou o velho, com receio de negação direta.
A florista levantou a cabeça lentamente com um sorriso carinhoso, lançou um olhar aconchegante e saiu do balcão, passando por prateleiras e prateleiras. Voltou com uma única flor, com pétalas azuis e sem espinhos, o cheiro dela era um perfume suave que enchia as narinas de Dom. O velho encolheu os ombros, com tristeza.
“Essa flor vale muito mais do que eu tenho, tem certeza que não tem uma que eu consiga comprar?” cabisbaixo, Dom mostrou novamente o quanto tinha, balançando com fraqueza a mão com o punhado de cédulas na frente da florista.
“Com certeza ela vale muito mais do que você tem. Eu consigo ver você, sabia, Dom? Fale com a Jhoenne, por favor.” Sorrindo, a florista entregou a flor a Dom, que a aceitou com a testa franzida. A flor era delicada, suave e um tanto úmida, assim como sua Jhoenne.
“Eu pagarei, com o dinheiro de meu trabalho, lhe pagarei.” prometeu o velho, deixando o dinheiro em cima do balcão e saindo da loja apressadamente, para encontrar sua Jhoenne, na loja do lado.
Atravessou a porta de vidro com alguns enfeites florais e virou a direita para entrar na biblioteca. Deu de cara com a dona do local e, por pouco, não se esbarraram.
“Oh! Senhor, o centro já está fechando.” ajeitando a bolsa em seu ombro e olhando para a flor que Dom segurava com força, falou Jhoenne.
Dom trocou o pé de apoio e estendeu a planta azulada. Pensara nesse momento trinta e seis anos de sua vida. Jhoenne olhou assustada para o velho zelador que tentava a conquistar.
“Faz anos... F-faz anos que eu trabalho aqui, desde quando você era jovem e essa biblioteca era tão famosa quanto esse próprio centro.” Começou a falar, com lágrimas nos olhos, o velho homem. “Sempre a observei e cultivei algum tipo de amor dentro de mim. Você sempre foi linda e eu sempre apaixonado. Tinha medo que alguém a tomasse... A tomasse de minha imaginação infinita. Tinha medo que tirassem você de mim.” Jhoenne olhava agora com a mão na boca, com seus lindos cabelos grisalhos atrás da orelha. “Sou um pobre zelador, mas meu coração não aguenta mais ficar longe de você. Eu não aguento mais ficar longe de você. Eu amo você e amo sua biblioteca, amo seus cabelos e os seus livros históricos. Amo o seu balcão, amo as sinetas de sua porta, amo o tapete poeirento da biblioteca, amo suas orelhas e seus olhos. Eu amo você e especialmente você.”
Jhoenne deixou a bolsa cair até o seu antebraço, pois seus braços agora estavam caídos, em surpresa. Estendeu a velha mão e pegou a flor. Olhou no fundo dos olhos de Dom e se pronunciou.
“Eu também te observo, Dom. Eu também te amo.”
-Para: C. (:
Nenhum comentário:
Postar um comentário